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Facção gaúcha mantinha pousada e imóveis de alto padrão em praias de Santa Catarina

São cumpridas 143 ordens judiciais no RS e no Estado vizinho

Redação1
Por: Redação1 Fonte: Notícias na Tela 
03/07/2025 às 16h37
Facção gaúcha mantinha pousada e imóveis de alto padrão em praias de Santa Catarina
Divulgação

Facção gaúcha mantinha pousada e imóveis de alto padrão em praias de Santa Catarina

Investigação de lavagem de dinheiro resultou em ofensiva desencadeada na manhã desta quinta-feira. São cumpridas 143 ordens judiciais no RS e no Estado vizinho

Uma investigação do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) descobriu que uma facção, com base na zona sul de Porto Alegre, vem fazendo investimentos em imóveis no litoral de Santa Catarina, como forma de lavagem de dinheiro do tráfico de drogas. Um deles é uma pousada na Praia do Caixa d'Aço, em Porto Belo. O grupo por trás desse esquema é alvo da Operação Costa Nostra da Polícia Civil nesta quinta-feira (3).

Durante a ofensiva, são cumpridas 143 ordens judiciais em Porto Alegre, Gravataí, Capão da Canoa e Tramandaí, além de mandados em três cidades de Santa Catarina: Camboriú, Palhoça e Porto Belo. São 38 ordens de busca e apreensão, sequestros de cinco imóveis, restrição de oito veículos, bloqueio de contas bancárias, quebra de sigilo bancário e fiscal. Numa apuração inicial, foram identificados R$ 8 milhões em patrimônio.

Segundo a investigação, o grupo criminoso está presente em Santa Catarina ao longo dos últimos três anos, no município de Camboriú. A pousada, identificada em Porto Belo, teria sido adquirida no ano passado pela facção, com valor estimado em R$ 5 milhões. A polícia identificou ainda a compra de uma residência na região, avaliada em R$ 3 milhões, além de uma empresa.

— Chama atenção o investimento que fazem no turismo, com pousadas, aluguéis de lanchas e jet-ski. Eles têm uma pousada bastante significativa na beira da praia, que inclusive está passando por reformas. Eles não apenas estão morando nesses locais, mas também investindo — explica o delegado Rodrigo Pohlmann Garcia, da Delegacia de Polícia de Repressão ao Crime de Lavagem de Dinheiro do DHPP.

Em Porto Alegre, um dos imóveis com mandado de sequestro é uma residência com valor estimado em R$ 1,2 milhão. Segundo as investigações, os criminosos teriam adquirido ainda uma lancha, motoaquática, motocicletas e outros veículos de alto padrão.

— Essa organização criminosa tem como sua atividade principal o tráfico de drogas, com pontos no bairro Restinga, na zona sul da Capital. Não há renda aparentemente lícita por parte dos investigados, que justificasse o aumento significativo do seu patrimônio — explica.

Essa investigação com foco na lavagem de dinheiro teve início após a investigação sobre um caso de tentativa de homicídio ocorrido há dois anos. Um dos líderes do grupo – que já esteve segregado em penitenciária federal – é apontado pela polícia como responsável por ordenar a morte de um dos integrantes da facção.

Os executores do atentado, conforme a investigação, sequestraram a vítima, levaram até a presença da liderança, que teria determinado a sua execução. A vítima foi levada para um outro local em um veículo. No entanto, como sabia que seria morta, resolveu escapar, pulando do veículo. Ele chegou a ser alvo de disparos de arma de fogo, e foi baleado, mas conseguiu fugir.

A partir deste caso a polícia passou a investigar e monitorar membros desta organização, especialmente as lideranças.

— Os alvos principais são lideranças da quadrilha. A investigação de lavagem mira nas cabeças, onde fica o patrimônio dessas organizações. Essa liderança já passou por inúmeras vezes pelo sistema penitenciário. Atua na zona sul de Porto Alegre. Há muitos anos vem atuando com tráfico de drogas. Nessa área criminal de lavagem, é a primeira operação — detalha Pohlmann.

Meta é descapitalizar a organização criminosa
A operação com foco na lavagem de dinheiro – uma forma de descapitalizar as facções envolvidas em homicídios – é uma das medidas aplicadas dentro do protocolo de enfrentamento aos assassinatos cometidos pelo crime organizado em Porto Alegre.

Essas medidas têm como base uma teoria chamada dissuasão focada. Já aplicada nos Estados Unidos, esta metodologia tem como uma das premissas fazer as ordens de execuções nas ruas, muitas vezes vindas de dentro das cadeias, cessarem.

— A repressão ao crime de lavagem de dinheiro visa enfraquecer o poderio financeiro dos grupos criminosos, justamente para evitar que essas usem o dinheiro ilícito para financiar a prática de homicídios — afirma o diretor do DHPP, delegado Mario Souza.

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