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Para reduzir criminalidade, governadores matam as estatísticas

Para reduzir criminalidade, governadores matam as estatísticas

23/07/2013 às 00h00 Atualizada em 23/07/2013 às 03h00
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Anuário Brasileiro de Segurança Pública critica falta de transparência nos dados fornecidos pelos estados. Rio, Minas Gerais, Espírito Santo, Amapá e Santa Catarina estão entre os que têm dados menos confiáveis

“O Brasil não tem a cultura política da transparência. Vários estados não enviam dados completos para o sistema nacional", afirma Renato Lima

O Anu&aacute;rio do F&oacute;rum Brasileiro de Seguran&ccedil;a P&uacute;blica, divulgado nesta quarta-feira, mostra que alguns estados da federa&ccedil;&atilde;o est&atilde;o repassando estat&iacute;sticas relativas &agrave; seguran&ccedil;a diferentes da realidade dessas regi&otilde;es. O resultado pr&aacute;tico dessa falha &eacute; o n&uacute;mero oficial de crimes ser, no registro oficial, muito menor que a incid&ecirc;ncia real de delitos. &Eacute; o caso, por exemplo, de Minas Gerais, Esp&iacute;rito Santo, Rio de Janeiro. Segundo o levantamento, os tr&ecirc;s precisam investir com urg&ecirc;ncia na melhoria dos dados. Por causa dessa defici&ecirc;ncia nos registros, a qualidade e a credibilidade das informa&ccedil;&otilde;es sobre a seguran&ccedil;a nesses estados foi considerada prec&aacute;ria. O estudo foi elaborado pela Secretaria Nacional de Seguran&ccedil;a P&uacute;blica do Minist&eacute;rio da Justi&ccedil;a, baseado em dados de 2009 e 2010, e est&aacute; em sua quinta edi&ccedil;&atilde;o.<br />

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Secret&aacute;rio-geral do F&oacute;rum Brasileiro de Seguran&ccedil;a, o soci&oacute;logo Renato Lima v&ecirc; na tradi&ccedil;&atilde;o brasileira de falta de transpar&ecirc;ncia a origem das distor&ccedil;&otilde;es na presta&ccedil;&atilde;o de contas pelos gestores p&uacute;blicos. &ldquo;O Brasil n&atilde;o tem a cultura pol&iacute;tica da transpar&ecirc;ncia. V&aacute;rios estados n&atilde;o enviam dados completos para o sistema nacional. Amap&aacute;, Santa Catarina e Esp&iacute;rito Santo est&atilde;o entre eles. Alguns dados correspondem a s&oacute; 50% do total de ocorr&ecirc;ncias policiais&rdquo;, explica.<br />

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No Rio de Janeiro, o pesquisador Daniel Cerqueira, do Instituto de Pol&iacute;tica Econ&ocirc;mica Aplicada (Ipea), p&ocirc;s em xeque as divulga&ccedil;&otilde;es do governo do Rio, alardeadas por S&eacute;rgio Cabral, sobre a redu&ccedil;&atilde;o no n&uacute;mero de homic&iacute;dios. Em Minas Gerais, os dados publicados nas edi&ccedil;&otilde;es anteriores do Anu&aacute;rio representam 74% dos que foram oficialmente publicados pelo governo do estado. A pesquisa mostra ainda a exist&ecirc;ncia de dificuldades comuns em todo o pa&iacute;s: os registros s&atilde;o fragmentados por n&atilde;o seguirem uma classifica&ccedil;&atilde;o &uacute;nica. Outro agravante &eacute; a falta de dados sistem&aacute;ticos sobre registros e a&ccedil;&otilde;es das Pol&iacute;cias Federais.<br />

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Apesar de o Anu&aacute;rio mostrar redu&ccedil;&otilde;es de alguns crimes, como uma diminui&ccedil;&atilde;o de 1.049 homic&iacute;dios no Brasil entre os anos de 2009 e 2010, as taxas de criminalidade s&atilde;o altas no pa&iacute;s. As informa&ccedil;&otilde;es da pesquisa revelam um investimento vultoso, por&eacute;m mal feito, na &aacute;rea da seguran&ccedil;a. O Brasil gastou 47,5 bilh&otilde;es de reais apenas com seguran&ccedil;a p&uacute;blica em 2010. Isso representa um crescimento de 4,4% em rela&ccedil;&atilde;o a 2009. A tend&ecirc;ncia de aumento dos investimentos nesse setor se explica pela inje&ccedil;&atilde;o de 9,7 bilh&otilde;es de reais no &uacute;ltimo ano.<br />

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Gastar muito &eacute; muito diferente de gastar bem. E os recursos p&uacute;blicos s&atilde;o consumidos em procedimentos e em uma m&aacute;quina p&uacute;blica arcaica. &ldquo;Com rela&ccedil;&atilde;o aos gastos, h&aacute; um v&iacute;cio de origem, um modelo de seguran&ccedil;a p&uacute;blica n&atilde;o compat&iacute;vel com o momento do desenvolvimento atual do Brasil. O C&oacute;digo de Processo Penal &eacute; dos anos 40, a lei que cria o inqu&eacute;rito policial &eacute; de 1871. A Constitui&ccedil;&atilde;o de 1988 mexeu pouco nas estruturas respons&aacute;veis pela seguran&ccedil;a e a Justi&ccedil;a Criminal. A Agenda de moderniza&ccedil;&atilde;o legislativa continua em aberto&rdquo;, afirma Lima.<br />

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O Brasil destina 1,36% de seu Produto Interno Bruto (PIB) &agrave; seguran&ccedil;a p&uacute;blica, o que representa 9,27% da arrecada&ccedil;&atilde;o de impostos do Brasil. Esse percentual supera o da Fran&ccedil;a, onde, em 2008, foi investido 1,3% do PIB nessa &aacute;rea. O volume gasto, no entanto, n&atilde;o tem correspond&ecirc;ncia pr&aacute;tica: as taxas de criminalidade dos pa&iacute;ses europeus s&atilde;o consideravelmente menores do que as do Brasil.<br />

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Apesar de S&atilde;o Paulo ter reduzido o seu investimento em seguran&ccedil;a - despendeu 3 bilh&otilde;es de reais a menos de 2009 para 2010 -, &eacute; considerado um caso de sucesso na redu&ccedil;&atilde;o de n&uacute;meros de homic&iacute;dio pelo secret&aacute;rio executivo do F&oacute;rum Brasileiro de Seguran&ccedil;a P&uacute;blica, Renato S&eacute;rgio de Lima. Os gastos com a seguran&ccedil;a incluem tamb&eacute;m a quantia investida na Defesa Civil. O Rio de Janeiro que est&aacute; acostumado a conviver com cat&aacute;strofes ambientais, sobretudo ligadas a deslizamentos de terra, teve o investimento reduzido em 10%- saiu de 136 milh&otilde;es para 121 milh&otilde;es.<br />

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A pesquisa tamb&eacute;m mostra que a sensa&ccedil;&atilde;o de seguran&ccedil;a dos brasileiros &eacute; pequena. Mesmo se as taxas de criminalidade fossem menores, a popula&ccedil;&atilde;o n&atilde;o se sentiria segura. Isso &eacute; explicado pela falta de confian&ccedil;a na Justi&ccedil;a Criminal e na Pol&iacute;cia do pa&iacute;s. A corrup&ccedil;&atilde;o e a viol&ecirc;ncia s&atilde;o pontos desfavor&aacute;veis para a imagem da Pol&iacute;cia, segundo o Anu&aacute;rio. O resultado pr&aacute;tico dessa percep&ccedil;&atilde;o popular &eacute; que quase metade dela n&atilde;o procura a institui&ccedil;&atilde;o ap&oacute;s sofrer algum crime. Quanto ao judici&aacute;rio, o sentimento n&atilde;o &eacute; melhor: existe a sensa&ccedil;&atilde;o de que ju&iacute;zes absolvem os r&eacute;us na maioria das vezes e de que a legisla&ccedil;&atilde;o penal &eacute; branda.

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Cec&iacute;lia Ritto e Jo&atilde;o Marcello Erthal

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